RODRIGO BARBOSA CAMACHO
INFO    
Esta é uma seleção reduzida de todo o meu trabalho.
No caso de não encontrar aquilo que procura
contacte-me por email: rbarbosacamacho@gmail.com

MÚSICA

A PAIXÃO PELA DESTRUIÇÃO É TAMBÉM UMA PAIXÃO CRIATIVA
duração: 50 minutos

data: Junho 2018


instrumentação: violoncelista falante, pianista falante,
​quatro percussionistas e projeção de vídeo
​

​prémio: Chagrin Awards por Sound and Music.

Há muitas maneiras de causar terror e, por isso, há muitas formas diferentes de terrorismo. Há terrorismo  que preza muito pela qualidade técnica da sua performance e é especialmente zeloso na produção estética. Afinal de contas – e isto aplica-se a qualquer um dos casos – há sempre uma mensagem a se passar por meio de atuações aparatosas em busca dos grandes públicos.
 
Há o terrorismo que salta sempre para fora do nicho, como traça atraída pelas luzes da ribalta, e tem visões de vir a ser estrela pop. Há terrorismo que se preocupa com questões de autoria e assina tudo, de rabiscos a obras magnas, pois até demonstra um certo interesse em arquivação, e também cuida escrupulosamente da sua autobiografia, vislumbrando a possibilidade longínqua de um dia a conseguir vir a publicar em capa de couro.
 
Há um pouco de terror a querer ser ismo em cada um de nós. Vive naquela chama que nos devora por dentro quando uma grande injustiça nos descompõe o trato e nos descora a mente de qualquer tipo de decência. Ferve-se-nos o sangue e passa-nos pela cabeça convocar um brinde ao niilismo da forma mais russa que conseguimos.
em SISTEMA, Julho 2018
​com o New Maker Ensemble
@ Fórum Machico, CC John dos Passos and Baltazar Dias Theatre
partitura
O JOGO DO LOBO - MORTE POR HIPERSTRESS
duração: indeterminada, porém, performances
tendem a durar entre 45 minutos e 1 hora


data: Janeiro 2015
​

instrumentação: violoncelo, piano, clarinete em Bb,
percussão, ​seis jogadores, um narrador

Uma violoncelista, três espécies, um narrador, cinco tipos, um clarinetista, dois aldeões, três intenções, um pianista, um caçador, dez momentos, uma cantora, dois modos, uma bruxa, seis ou cinco turnos, uma aldeia, uma floresta, dois lobos, duas fações, quatro estádios, montes de berros, morte, dois estatutos, demasiadas mentiras, conspiração, dois tempos, irritação, tensão, stress, muito stress, HIPERSTRESS!

ESTRUTURA SINTÁTICA
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em Ocupação da Goldsmiths 2015, Março 2015
com o New Maker Ensemble
@ Deptford Town Hall - Council Chamber
em BLIND PLURAL, Março 2016
com o New Maker Ensemble
@ HUNDRED YEARS GALLERY
partitura
TEMOS 15 MINUTOS PARA DESCOBRIR ONDE É QUE ANDA O RAIO DA BOMBA!!!
duração: performances emergentes de 15 minutos

data: Maio 2015 

instrumentação: oboe, saxofone tenor, violino e violoncelo,
três jogadores e 1 narrador

Depois de alguns minutos, tentando penitentemente ignorar o óbvio, a inclinação natural para a sobrevivência pronunciou-se mais alto do que qualquer decência: "TEMOS 15 MINUTOS PARA DESCOBRIR ONDE É QUE ANDA O RAIO DA BOMBA!!!" [mas entretanto, o civismo estava de facto bem entranhado na cultura desta gente] "...se não, claro está, este pessoal acaba todo morto...".

Mecânica de jogo: cada jogador sabe da sua própria identidade... mas não da identidade dos outros dois jogadores! Cada jogador tem a liberdade de dizer ou fazer tudo aquilo que lhes bem apeteça, pois não há nem guião predefinido nem regras ou diretrizes em termos da comunicação que os três jogadores possam vir a desenvolver entre eles. Apenas o bombista, de modo a atingir o eu objetivo, deverá evitar de todas as formas declarar que é ele, de facto, quem guarda consigo a bomba. O bombista deve sempre agir dissimuladamente, dando a parecer que também ele se encontra desesperadamente à procura da bomba.

ESTRUTURA SINTÁTICA
Picture
Em Cheltenham Music Festival, Julho 2015
​com o Emulsion Quartet
@ Parabola Arts Centre
em ZEALOUS X, Janeiro 2016
​com o New Maker Ensemble
@ RICHMIX, London, Shoreditch
partitura
VINTE E NOVE MIL, CENTO E VINTE PENSAMENTOS SOBRE BOA COMPANHIA
duração: 15 minutos

data: Outubro 2016  

instrumentação: violoncelo, viola, voz tenor e voz alto

Estamos os dois numa sala, olhando para as paredes e tal. Alguém entra e grita "SOLO!!!"; e fica ali de pé, que nem um bastardo, quero dizer, como uma estátua. Não tanto em estado de choque, quedamo-nos no entanto intrigados com a estranheza de tal acontecimento. Eu olho para ti [num gesto rápido e preciso, com um ar ligeiramente irritado] e, em resposta, tu olhas para mim [mais lento, elevando calmamente a sobrancelha esquerda]. Ambos acenamos com a cabeça afirmativamente. Uma vez, duas, três vezes [deveríamos ter parado aqui] quatro vezes, cinco, seis, sete, oito, nove [isto já foi claramente longe de mais] dez vezes... Acreditamos que há uma qualquer  cumplicidade na em nossa compreensão do que quer que seja que "SOLO!!!" significa, contudo, em cada acenar, vive um pensamento diferente sobre boa companhia.

Esta é uma coleção de 29120 peças sucintas em que se testam as relações que solos podem possivelmente ter com os seus acompanhamentos. Muito provavelmente nunca acontecerá que todas as peças sejam realmente compostas, ou mesmo que começadas, alguma vez finalizadas. No entanto, esta coleção continuará a crescer consideravelmente ao longo do tempo.

Cada fragmento tem orbigatoriamente de ser composto para um ensemble com pelo menos dois performers, em que um assume o papel de solista, enquanto que todo o resto do grupo passa a acomanhante. Não há um número máximo de pessoas que possam vir a ser acomanhantes, mas claro está, solista, só há um.
em EIGHTFORTY, Dezembro 2016
​com o New Maker Ensemble
@ St. James Church, Islington
partitura
DOCES AMERICANOS - "QUE MERDA É QUE VEM A SER ESSE VERMELHO 40!??"
duração: 45 minutos (original) / 10 minutos (adaptação)

data: Maio 2013 / Junho 2013

instrumentação: seis instrumentistas falantes (original)
​/ violetista falante (adaptação)

Premio: British Composer Awards 2013

A FDA E A PUREZA ALIMENTAR

MARCAS DE REBUÇADOS HISTERICAMENTE COLORIDAS

AUTO-DESINTEGRAÇÃO

UMA PIADA INTERMINÁVEL SOBRE UM GAJO SUECO

O ENSAIO PARA UMA PEÇA INEXISTENTE…

TUDO NUM PACOTE SÓ!

Este trabalho baseia-se primeiramente em doces americanos. Outros sub-tópicos são especificamente: corantes alimentares, estilos de vida saudáveis e uma piada interminável sobre um gajo sueco.

No universo comercial, tudo o que é tocado  é falado. Este é o universo em que os músicos regurgitam uma torrente de informação verbal, retirada da superfície de pacotes de seis marcas de doces americanos. No universo conversativo, todos falam uns com os outros sobre umas merdas desinteressantes quaisquer. Podemos até dizer que, aqui e ali, as pessoas são raptadas e utilizadas mecanicamente como interlocutores do universo comercial, para serem de seguida devolvidos, abruptamente, sem que lhes seja conferido o direito à memória daquilo que terão acabado de fazer.

Este produto deve ser consumido como parte de uma dieta equilibrada e de um estilo de vida saudável.

Torneados encarnados originais, sempre sem gordura nenhuma!

Expressa a tua peepsonalidade!
em DIA DA NOVA MÚSICA, Junho 2014
com Rodrigo B. Camacho, Milena Mateus, Marat Ingeldeev,
​Roxanna Albayati, Sara Rodrigues e Memii Mudmee
@ Deptford Town Hall
partitura
em BRITISH COMPOSER AWARDS, Dezembro 2013
com Sarah-Jane Bradley,
@ Goldsmiths Hall, London

em DISINTEGRATION, Dezembro 2017
com o New Maker Ensemble
@ Reading Room, Wellcome Collection
partitura
VAI E VEM, UM CALCULADOR DE IMPROBABILIDADES
duração: 45 minutos

data: Setembro 2015
numa colaboração com Sara Rodrigues

instrumentação: dois flautistas, violinista, violetista, contrabaixista, dois percussionistas e dois narradores itenerantes

produzido por WAMÃE, para TRAMPOLIM,
o festival da revista cultural GERADOR

O meu cartão de cidadão diz que eu sou quem sou porque me chamo o nome que tenho, porque sou de um género e não de (o) outro, tenho uma altura, nasci num lugar que não a casa do vizinho e diz que tal aconteceu numa data. Depois há também outros números...

Está assinado como se não se falsificassem coisas destas, e tem uma foto. Sabe dos meus pais e diz-me, com cada ponto de tinta num cartão de plástico com um quadradinho de metal à esquerda, que eu sou eu, diferente de todos os outros.

Mas a minha identidade é também aquilo que me une, não só o que me exclui de tudo o que é outro. E para este serviço, que cola é que se
usa? Cultura. Às vezes não aguenta e desprega-se um pouco, faz reações alérgicas na pele ou a cor da cola realça a separação entre as partes ainda mais do que dantes, mas faz tudo parte!
in PLACE | RHOME, Dezembro 2015
com CÂMARA NOVA
@ Casa de Macau, Lisboa
partitura

TEATRO / PERFORMANCE

ENSAIO PARA UMA CARTOGRAFIA
peça de dança-teatro

direção musical em colaboração com Mónica Calle

performers: entre 15 e 20 atrizes sem qualquer formação musical

data de começo: 2014
data de fim 2021

Resistência. Coragem, Transcendência. Um grupo de mulheres propõe-se a uma tarefa colossal: submeter-se aos mais rijos encargos ao longo de sete anos em busca da constante renovação pessoal, da iluminação e de uma realização total.
Abril 2017, Abril 2018, Novembro 2019
com Casa Conveniente
@ Teatro Nacional Dona Maria II, Lisboa
1300 OHM
duração: 70 minutos

data: Maio 2012

instrumentação: 4 performers e 16 cadeiras

em colaboração com Milena Mateus

Encomendada por LAB CUR para
​Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura​

I abiogenesis  00:00
II emergência do oxigénio03:50
III vertebrados 07:57
IV colonização 17:50
V monumento 23:00
VI tensão 25:18
VII destruição 25:56
VIII reconstrução 28:07
IX ser outro 31:00
X história 33:40
@ Espaço 116, Funchal, 2013
A OUTRA SEDE
duração: 35 minutos
​
data: Abril 2016

instrumentação: seis percussionistas falantes

baseado no poema "Escrevo porque há ameaças que são missões" de Dinarte Vasconcelos

Performers: Rodrigo B. Camacho, Nuno Filipe, Paulo Gouveia
Jorge Maggiore, Sara Rodrigues, Cristina Vieira

A casa assume-se como corpo. Tem um centro, uma certa essência intocável. Vira-se do cerne para dentro, sendo interiormente, ou para fora, dizendo o que há para dizer, para si ou para o outro. Há o acordar em tensão histérica de cada dia, há o voltar densamente liquidificado, há o agredir a parede a oeste e o permanecer comportado entre os limites simbolicamente violentos do quotidiano.

Este sentir, por entre signos e símbolos comuns para o ilhéu, poderia até ser banal, se vulgarmente percepcionada a tensão que segura e mantém cada objeto em seu sítio – o que certamente neste caso não é. O número 50 da Rua Nova de São Pedro foi em tempos uma casa de correção para rapazes. Rapavam-lhes o cabelo e impunham-lhes um fato de macaco azul. Ensinavam-lhes um ofício e esperava-se que o futuro fosse um mais regular. Esta é a violência de se pertencer a um lugar que aparta o pensar do fazer com tal força que só por entre berros se recebe e percebe a palavra esquartejada a frio
em ​PLACE | TRATUÁRIO, Abril 2016
@ 50 Rua Nova de São Pedro, ​Funchal, Portugal
FLUTUAÇÕES: MISSA PRO DEFUNCTIS
performance duracional / instalação sonora
duração: 4 horas
data: Outubro 2018 em continuação


em colaboração com Sara Rodrigues

originalmente encomendada por SISMÓGRAFO
para Não é ainda o mar, com curadoria de Óscar Faria

Performance: Duas figuras humanas recolhem amostras de tecidos orgânicos de várias espécies vivas. Fazem-no equipados com fatos protetores, luvas, máscaras de gás, kits de dissecação, pipetas e lamelas. Como rasto da performance, fica uma coleção de cerca de duzentas lamelas, guardando os restos mortos de um mundo em transformação repentina.

Música: Missa pro Defunctis (1639) de Duarte Lobo. A música acontece cinco vezes mais lenta do que a versão original. A letra original da missa foi substituída pelos nomes científicos de todas as espécies hoje extintas. A voz feminina (Sara) canta o surgimento dessas espécies enquanto a voz masculina (Rodrigo) canta a sua extinção.
em GAIA TODO UM MUNDO (2018) @ Corpus Christi, Porto
em ART NIGHT (2019) @ Chalton Gallery, Londres
em ILHÉSTICO (2019), curadoria de Miguel Von Hafe Perez, @ Porta 33, Funchal
AJUDA-ME AQUI A CONTAR UMAS COISAS
Instalação performativa | workshop
duração: entre 30 e 45 minutos
data: Maio 2018

material: um grupo de pessoas dividido em pelo menos dois grupos
batendo moedas de uma libra contra uma superfície rija (vidro de um edifício)
segundo estruturas métricas, rítmicas e temporais específicas
​
originalmente realizado na greve contra os cortes nas reformas universitários

Os humanos são consideravelmente maus quanto à compreensão tácita de números elevados. Para além de uma certa quantidade de coisas, as unidades tendem a perder o seu sentido autónomo e aí falha miseravelmente a nossa capacidade de visualizá-las em detrimento dos volumes dos quais passam a fazer parte.

Desde valores em dinheiro acima dos milhões, às distâncias maiores do que o ano-luz, a populações de um país, ou mesmo às quantidades de células que temos no corpo, ou até à imaginação concreta da massa de um planeta, ou à escala temporal da história geológica da terra… Somos mesmo maus nisto!
Performance durante a greve (2018) @ UCU

INSTALAÇÃO 

TAXONOMIA
instalação audiovisual participativa

data: 2017 - em curso


material sónico: gravações de interpretações de músicos locais

material visual: fragmentos pre-composicionais colecionados desde 2012; ​16 altifalates pendurados

com o apoio de: Câmara Municipal do Funchal,
Direção Regional da Cultura
​e Fundação Calouste Gulbenkian


Sempre acreditei nos benefícios metodológicos (e até terapêuticos) de apagar e de deitar fora tudo o que posso. Por outro lado, o meu trabalho tem vindo a complexificar-se, e por isso desenvolvo-o ao longo de processos cada vez mais extensivos e densos. Com isto, e por influência maior do meu pai, que é antropomusicólogo, tenho hoje arquivados já quase mil pequenos fragmentos documentais destes processos de preparação, incluindo estudos de notação, listas de instrumentação, planos cenográficos, guiões, esboços, gráficos, tabelas, diagramas, mapas, matrizes, sistemas sintáticos, funções e cálculos, esquemas de tradução e sonificação etc.

TAXONOMIA interage com comunidades de músicos de lugares diferentes, com quem partilho a coleção no sentido de explorarmos questões relacionadas com as funções do signo e do símbolo na comunicação. Abordam-se conceitos de notação, interpretação, improvisação, assim como se testam vários processos de realização, concretização, materialização, sonificação e tradução. Há também espaço para discussão e negociação de noções de necessidade, utilidade, eficiência e inteligibilidade.

Em relação à instalação física do trabalho, inicialmente, o espaço começa vazio e em branco. Dia após dia, vou preenchendo as paredes com desenhos. Um a um, e mediante uma conversa, estes são interpretados e gravados por músicos locais. As gravações, edito-as in-situ e reproduzo-as com altifalantes posicionados de acordo com os respetivos fragmentos que os músicos interpretaram. Assim, a forma geral avança organicamente pelas paredes, ficando a divisão gradualmente preenchida com a memória da participação de cada um.
apresentado com O Estado das Coisas de Sara Rodrigues
em TAXONOMIA O ESTADO DAS COISAS
@ PIPINOIR, Funchal 2017
@ Galeria do Sol, Porto 2018
CORDOANDO TEMPO E ESPAÇO
data: Setembro 2016

materiais: corda de fibra natural (8mx36mm),
corantes alimentares vermelho e azul,
impressões em quadros vidro (28cmx13cm),
expositor de vidro cúbico (10cmx10cm)

"Adicionando corantes alimentares à sociologia vitoriana e cordoando distâncias na razão de um para uma centena".

Entrevistei
 duas senhoras velhinhas em Deptford. Uma embarcou no MV Empire Windrush durante os anos 60 e viajou 7500km de Kingston - capital da Jamaica - até Deptford, Londres. Como tantos outros, respondera à convocatória laboral britânica; uma grande campanha de recrutamento com o intuito de empregar a força de trabalho colonial na reconstrução do país durante o pós-guerra.

Por volta da mesma altura, a outra senhora estava a ser despejada da sua casa em Deptford. A sua habitação - uma casa familiar vitoriana - seria expropriada e demolida numa tomada geral, em que tantas outras teriam o mesmo destino. O novo plano urbanístico contava com a edificação de blocos de apartamentos altíssimos onde antes figurava o aprumado bairro do século XIX. A senhora lá teve de se mudar e passou a viver num apartamento moderno em Woolwich, a 7.5km de distância do local onde nascera.
em LivingRoom Act IV: Canning Time, Setembro, 2016
parte de  Art Licks 2016
@ El Cheap’Ou, loja de descontos e promções, nº 75 Deptford High Street
PROBLEMA
instalação audiovisual interativa

​duração: ilimitada (ciclos de 5 minutos)

data: 2018/2019

dimensões: 2m x 3m x 2.5m
peso: 350kg

material visual: estrutura de metal,
saco de box armado com sensores eletrónicos,
plataforma de madeira, computador, interface de som,
amplificador de som, máquina de recibos automática,
recibos pós-performance, cabos de video e som,
sistema de PA, ecrã de 65' e/ou grande projeção,

material performativo/sónico: pessoas a bater no saco,
gravações de leituras de textos críticos,
conversas e discussões entre os participantes e o artista

Dói-me uma cegueira antiga e tardia,
aturde-me o perene bater dos cornos,
atormenta-me toda esta apatia
e sempre me irritaram os banhos mornos
e o culto quotidiano da anestesia,
os venenos lentos dos pequenos sonhos,
insolúveis sonos navegando dia a dia
​toda a miséria que nos trazem os soros

Quando alguém declara que tem um problema, imaginamos talvez que essa pessoa esteja entalada numa situação complicada, que algo se encalhou, que está impedido, ou mesmo (muito querido o nosso fatalismo) que “está tudo arruinado”. Sentimos que a vida se entrava perante um problema, assim que as coisas se emaranham e renunciam o seu funcionamento, descontinuando-se. É todo um bloqueio, uma barreira, uma impossibilidade intransponível!
 
Contudo, por meio de uma escavação etimológica feita pela palavra problema adentro, o Rodrigo descobriu que, na sua concepção, a ideia daquilo que um problema deveria ser baseia-se verdadeiramente numa ação bem física, de facto. O verbo grego probállō é composto por pro (diante, frente) e bállō (lançar, projetar). Por isso mesmo, em PROBLEMA, está toda a gente desafiada a resgatar a natureza proativa do termo a atirar umas batatadas aos seus próprios problemas.
 
Tudo isto fica muitíssimo prático numa instalação audiovisual, cuja interface é – lá está – um saco de boxe! Aproxime-se dele e ser-lhe-á pedido algum problema que por ventura venha a ter no momento. Enquanto lhe é entregue um par de luvas, o seu problema já pairará num grande ecrã, e lá permanecerá, pacientemente à espera de qualquer que seja a coisa que você lhe venha a fazer.
​ 
PROBLEMA é um apelo à ação, e é uma advertência, pois frequentemente esquecemo-nos de que temos um corpo; um que é simultaneamente físico, biológico, animal, social, cultural, político... O Rodrigo vê este trabalho como uma exploração poética da dicotomia entre as dimensões físicas e intelectuais e quer que a sua experiência sirva de tentativa de reconciliação dos nossos seres multidimensionais. Rumando via a um sentido de unidade, do infinitésimo ao de figura mais gargântua, do mais simples ao mais complexo, abstrato ou mesmo indescritível, todos os problemas serão bem-vindos para que sejam atirados adiante.
@ artsdepot, Londres, UK 2019
​@ ESFF, Porta 33, UMa, Jardim Municipal, Funchal 2019
DIÁRIO
SOCIAL MEDIA
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AUDIOVISUAL

EXPORTAÇÃO
ensaio em vídeo

duração: 43'58''

data: Março 2017

materiais: cozinha, lâmpada fluorescente avariada, plantas de interior, cadeiras e várias peças de roupa

texto improvisado ao vivo pelo artista

Criado como resposta às questões sobre exportação cultural avançadas como tese principal no documentário FÁÇA-SE LUZ! de Paula Cristina Vieira e Nuno Filipe (Mr End)
@ Pipinoir, Agosto 2017

MANIFESTAÇÃO
peça de arte sónica

duração: 14’38’’

data: Maio 2014
​

material: gravações de campo de Borracheiros
​do Porto da Cruz, Ilha da Madeira, Portugal
e gravações de campo das manifestações em Lisboa 2011

banda sonora da performance CEGOS de Marco Bulhões e Marcelo Denny do Desvio Coletivo (São Paulo, Brasil), desenvolvida em colaboração com Dançando com a Diferença.

Toma-nos desarmados por certo a repugnância profunda que se ergue por de dentro do amor que temos pelas coisas que pouco a pouco passamos a conhecer melhor.

É sempre uma grande desilusão descobrir o outro lado. Tão doloroso encarar o mundo que guardávamos com tanto carinho quebrado irreversivelmente, ou simplesmente saber dele desaparecido, assim que nos nega as delicadezas com que nos presenteava outrora.

Hoje não é certo que a revolução sem sangue de 25 de abril de 1974 tenha causado efeitos positivos tão duradouros como os que se esperariam terem sido as repercussões nos espíritos das gentes três gerações após o golpe. Portugal, como muitos outros satélites europeus, vive a doce opressão dos novos e mais poderosos ditadores económicos.

Deixo-vos com o seguinte pensamento: Até que ponto é que a declaração da independência dos Estados Unidos da América não terá sido brindada com o sabor a sangue do Porto da Cruz?
em Pure Gold Festival, Maio 2015
@ South Bank Centre

em BLIND PLURAL, Dezembro 2016
@ Hundred Years Gallery
BRITISH COMPOSER AWKWARDNESS
peça de arte sónica

duração: 4'51''

​data: Agosto 2015
​
material: gravações sacadas da difusão radiofónica em direto do British Composer Awards 2013, no programa Hear and Now, da BBC Radio 3, incluindo bocados da estreia de ​AMERICAN CANDY - WHAT THE HELL IS YELLOW NO. 6?!?,
​interpretada por Sarah-Jane Bradley nesse mesmo evento.

quando uma situação enjoa tanto, tanto...
​que só queres que tudo exploda de vez