RODRIGO BARBOSA CAMACHO

Finalmente!!!

4/20/2019

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Dizem que, quando se vive em sítios pequenos, as distâncias medem-se em tempo. O tempo de deslocação marca o perto com minutos, o longe com horas. Dizem também que viajar de avião é muito rápido hoje em dia. Toda a gente já sabe intuitivamente que autocarros ou comboios marcar para chegar ao aeroporto atempadamente e não se engasgar com os 100ml mais uma vez. A verdade é que as três horas e meia que me convencem separarem Londres do Funchal não são nada três horas e meia não senhora! São pelo menos oito horas de "senta-levanta" e de "tenta dormir-acorda", tudo com dores e molezas involuntárias do piorio!

Cheguei hoje ao Funchal - estafado, como tem de ser - e fui bater à casa da Tia Anita, que tinha as chaves da casa dos meus pais, que estão viajados para a capital do país. Preparei um prato demorado e, como já não fazia há muitos anos, pus a rodar umas gravações dos Concertos de Brandenburg de Bach. Tenho andado a revistar as Partitas inteiras e apeteceu-me cheirar um pixarreco de comburente, a ver se arde anda a minha alma barroca. Levaram-me os três concertos inteiros a desempacotar duas grandes caixas de equipamentos, ferramentas e materiais que enviara de Londres no início do mês. São as partes que vão compor todo o projeto PROBLEMA. São os ossos, os músculos, as engrenagens, as veias, as glândulas todas… O sangue são as pessoas. Sim, este projeto faz-se de pessoas, e dos problemas que elas têm, e da vontade que têm de os resolver. :)

Bebi uma porter bem robusta, artesanal, portuguesa. O malte vem todo de Trás-os-Montes. Bem boa. Agora vou dormir pois amanhã haverá sequestro familiar à volta de um abuso de comida… Amo a minha família incondicionalmente.
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    Autor

    Rodrigo B. Camacho

    sobre

    Quando alguém declara que tem um problema, imaginamos talvez que essa pessoa esteja entalada numa situação complicada, que algo se encalhou, que está impedido, ou mesmo (muito querido o nosso fatalismo) que “está tudo arruinado”.

    Sentimos que a vida se entrava perante um problema, assim que as coisas se emaranham e renunciam o seu funcionamento, descontinuando-se. É todo um bloqueio, uma barreira, uma impossibilidade intransponível!

     
    Contudo, por meio
    de uma escavação
    etimológica feito pela palavra 
    problema adentro, o Rodrigo descobriu que, na sua concepção, a ideia daquilo que um problema deveria ser baseia-se verdadeiramente numa ação bem física, de facto.

    O verbo grego 
    probállō
    é composto por pro (diante, frente) e bállō (lançar, projetar).
    Por isso mesmo, em 
    PROBLEMA, está toda a gente desafiada a resgatar a natureza proativa do termo a atirar umas batatadas aos seus próprios problemas.
     
    Tudo isto fica muitíssimo prático numa instalação audiovisual, cuja interface é – lá está – um saco de boxe! Aproxime-se dele e ser-lhe-á pedido algum problema que por ventura venha a ter no momento.

    Enquanto lhe é entregue um par de luvas, o seu problema já pairará num grande ecrã, e lá permanecerá, pacientemente à espera de qualquer que seja a coisa que você lhe venha a fazer.

    ​ 
    PROBLEMA é um apelo à ação, e é uma advertência, pois frequentemente esquecemo-nos de que temos um corpo; um que é simultaneamente físico, biológico, animal, social, cultural, político...

    O Rodrigo vê este trabalho como uma exploração poética da dicotomia entre as dimensões físicas e intelectuais e quer que a sua experiência sirva de tentativa de reconciliação dos nossos seres multidimensionais
    .

    Rumando via a um sentido de unidade, do infinitésimo ao de figura mais gargântua, do mais simples ao mais complexo, abstrato ou mesmo indescritível, todos os problemas serão bem-vindos para que sejam atirados adiante.
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