RODRIGO BARBOSA CAMACHO

A liberdade está a passar por aqui

4/25/2019

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​No dia da liberdade vejo-me livre. Por isso decidi dedicar algum tempo para a ir buscar à "máquina" os fragmentos que muitos têm intrigado, e escrever livremente sobre eles. Então, o que veem a ser as tais "cantorias" que, de vez em quando, saltam do PROBLEMA para fora, interpondo-se pelo meio dos problemas das pessoas com letras capitalizadas, violentamente blocudas, grandes e gordas?

Vou começar por aqui, tenho saudades da minha companheira - partner para todos os crimes - o meu grande amor, Sara Rodrigues, que me ajudou a gravar todos os fragmentos musicais do projeto. "Música!?, mas isto não é só sobre batatada?". Não, também tem música, sim senhores. Tendo a não publicitar estas partes, pois dão uma maçada diferente da que quero que dê resolvermos problemas à pancada. Contudo, a verdade é que a minha alma barroca previne-me constantemente de deixar tudo como está e empurra-me adentro de mais um passo, e outro, e mais outro ainda. Quando dou por mim, já corro em direção a mais uma quimera. Foi assim o caso do PROBLEMA. O sistema que criei, está programado para ir aprendendo qualquer coisa com cada batatada, com cada palavra, com cada experiência. Não, não é inteligente, e ainda bem. Mas constituí-lo como ferramenta de trabalho útil, na minha busca por uma atitude poética, permanentemente tensa, perante a realidade dos nossos problemas.

Com o crescente "saco" de informação que a máquina vai guardando - problema a problema, palavra a palavra, frase a frase - formam-se emergentemente categorias, que por sua vez me retribuem apenas um "bolo mastigado" de tudo aquilo que, linguisticamente se conglomera, correlacionando-se de alguma forma relevante. A máquina não aprende. Eu aprendo com ela, e modifico-a, manualmente - com a lentidão devida - de modo a que se sofistique. É um processo moroso, algo pesado, mas que me garante a liberdade de escolha em troca de algum tempo (não) livre.

Mais e mais vão sendo as propostas que o sistema me vai fazendo de material textual (os tais "bolos conceptuais") que, remisturado organicamente com as leituras que mais nos têm influenciado, gravamos os dois - eu e a Sara - lá em Londres, com as nossas vozes. Como uma das categorias que emergiu recentemente - em colaboração com os alunos das professoras Cristina e Sandra lá na Francisco Franco - é precisamente "LIBERDADE", decidi partilhar um dos fragmentos gravados que temos sobre o tema. Quando voltar a Londres, vamos traduzir e gravar todo o material novo, suscitado pela participação madeirense. A Sara agora tem um projeto grandioso em mãos que, vamos a ver ainda salva o mundo, por isso não pode estar com muitos desvios, mas como é uma performer excelente, despacha os takes, um por um, quase invariavelmente logo à primeira gravação, por isso acho que não vai ser demasiado trabalho! :D <3
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    Autor

    Rodrigo B. Camacho

    sobre

    Quando alguém declara que tem um problema, imaginamos talvez que essa pessoa esteja entalada numa situação complicada, que algo se encalhou, que está impedido, ou mesmo (muito querido o nosso fatalismo) que “está tudo arruinado”.

    Sentimos que a vida se entrava perante um problema, assim que as coisas se emaranham e renunciam o seu funcionamento, descontinuando-se. É todo um bloqueio, uma barreira, uma impossibilidade intransponível!

     
    Contudo, por meio
    de uma escavação
    etimológica feito pela palavra 
    problema adentro, o Rodrigo descobriu que, na sua concepção, a ideia daquilo que um problema deveria ser baseia-se verdadeiramente numa ação bem física, de facto.

    O verbo grego 
    probállō
    é composto por pro (diante, frente) e bállō (lançar, projetar).
    Por isso mesmo, em 
    PROBLEMA, está toda a gente desafiada a resgatar a natureza proativa do termo a atirar umas batatadas aos seus próprios problemas.
     
    Tudo isto fica muitíssimo prático numa instalação audiovisual, cuja interface é – lá está – um saco de boxe! Aproxime-se dele e ser-lhe-á pedido algum problema que por ventura venha a ter no momento.

    Enquanto lhe é entregue um par de luvas, o seu problema já pairará num grande ecrã, e lá permanecerá, pacientemente à espera de qualquer que seja a coisa que você lhe venha a fazer.

    ​ 
    PROBLEMA é um apelo à ação, e é uma advertência, pois frequentemente esquecemo-nos de que temos um corpo; um que é simultaneamente físico, biológico, animal, social, cultural, político...

    O Rodrigo vê este trabalho como uma exploração poética da dicotomia entre as dimensões físicas e intelectuais e quer que a sua experiência sirva de tentativa de reconciliação dos nossos seres multidimensionais
    .

    Rumando via a um sentido de unidade, do infinitésimo ao de figura mais gargântua, do mais simples ao mais complexo, abstrato ou mesmo indescritível, todos os problemas serão bem-vindos para que sejam atirados adiante.
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